quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Setembro - Mês da Bíblia

Amados e Amadas! Estamos entrando no mês de setembro, Mês de Bíblia.

Poderá ser um período de renovação da nossa vida cristã individual e comunitária.

De fato, a Bíblia é uma forma de presença de Deus no meio de seu povo. Ela nos faz ouvir a Deus, a Ele nos conduz e nos faz conhecer seu amor. Se estivermos abertos à ação do Espírito Santo, a Bíblia nos fará não só ter um conhecimento teórico da Palavra de Deus, mas também experimentar vivamente o amor com que Deus nos ama. Essa experiência é fundamental na vida cristã.

"Não há melhor pedagogia que o testemunho."
SONIA SIRTOLI FÄRBER

" Quer que alguém se encante com a Bíblia? Seja encantado por ela. Podemos usar de muitos recursos, demosntrar sua utilidade e até doar bíblias e, mesmo assim, não despertar paixão por ela. Há grande diferença entre ser encantado por ela e simplesmente fazer uso e ler."



A leitura orante da Bíblia.

A leitura orante da Bíblia, também conhecida pelo nome latino Lectio Divina, é uma forma maravilhosa de oração bíblica na qual acontece uma interatividade intensa entre o leitor - que é orante e não apenas leitor-, o escrito (Bíblia) e o autor (Deus). A leitura orante da Bíblia não é uma interpretação explicativa do texto, mas uma forma privilegiada de rezarmos nossa história à luz de fatos e experiências bíblicas.
Esta leitura obedece aos seguintes passos:
  • Ler o texto percebendo quem são os personagens , os problemas e as situações históricas:

  • Encontrar no texto como são apresentados Deus, o mundo o ser humano;

  • Verificar com que personagem o leitor se identifica e por que - pergunte-se " o que esse texto quer dizer para mim hoje?"

  • Depois de toda essa análise, fazer uma oração contemplando os elementos que o texto ofereceu. Essa oração deve se abrir a níveis cada vez mais intensos e profundos, passando da fala para a meditação e desta para a contemplação.

  • A leitura de um salmo finaliza lindamente essa oração.
Essa forma de orar com a Bíblia tem origem nos mosteiros e alcança hoje vários espaços e ambientes de cultos católicos e de outras confissões religiosas.

SONIA SIRTOLI FÄRBER em entrevista a revista Rainha dos Apóstolos.



Deus nos visita


SONIA SIRTOLI FÄRBER (*)

A Bíblia narra que, ao longo de toda a história, Deus vem ao encontro do homem de muitas formas e em muitos momentos.
Desde os tempos áureos do profetismo até as narrativas do evangelho, o tema da visitação é recorrente. Deus quer estar com seu povo e está disposto a fazer aliança com ele.Quando da encarnação do Verbo, essa visita, tão almejada, efetivamente acontece. Significativos são os pontos de contato que o texto de 2 Sm 6,1-15 possui com a visitação de Maria à sua parenta Isabel (Lc 1,39,56): a Arca da Aliança contendo as “Palavras de Deus” é levada para uma cidade nas montanhas de Judá; Maria tendo em seu ventre o “Verbo, a Palavra de Deus” vai para uma cidade nas montanhas de Judá. A Arca é recebida com aclamações de alegria; Maria é recebida com aclamações de alegria. Na cidade, o rei se pergunta: “Como posso receber em minha casa a Arca de Deus?”; Isabel ao ver Maria diz: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”; a Arca permanece 3 meses naquele lugar, Maria fica 3 meses na casa de Isabel!
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento mos
tra Deus visitando seu povo: “Deus vos visitará , vos fará subir deste país para o país que ele prometeu com juramento a Abraão, Isaac e Jacó” (Gn 50,24s). A oração feita por Zacarias, pai do precursor do Messias, João Batista, inicia com a exaltação: “Bendito seja o Deus de Israel, porque visitou e redimiu seu povo” (Lc 1,68) e termina agradecendo pelo “Sol nascente nos vir visitar (cf. Lc 1,78s).
Ao longo de sua vida, Jesus passou pela história de muitas pessoas (cf Mc 10,46,52: cego Bartimeu), hospedou-se em suas casas (Lc 9,38: em Betânia), visitou (cf. Lc 19,5: casa de Zaqueu) e celebrou a vida com elas (cf. Jo 2, 1ss). A passagem de Jesus pela vida de alguém sempre foi um convite, uma provocação para que aderissem à sua proposta. Muitos aceitaram, mas nem todos. O quarto evangelho sublinha a resposta negativa que muitos deram a Jesus:”Ele veio aos seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11). De forma poética, a Bíblia mostra o drama daquela que quer estar com o amado, mas indolente, tem preguiça de abrir a porta para que ele entre, e quando consegue vencer o abatimento, o amado já tinha passado e ido embora (cf Ct 5,2-6).
Em tempo de expectativa para a vinda do Senhor - no Natal, quotidianamente e no final dos tempos - cada pessoa é chamada, de forma pessoal e individuada, a preparar-se para esta “visita”, pois o Senhor está à porta e bate, quem abrir fará comunhão com ele (cf. Ap 3,2) e quando ele aparecer uma segunda vez, aos que o aguardam, lhes dará a salvação (cf. Hb 9,28).

(*) Professora acadêmica de Literatura Bíblica e Grego Bíblico, especialista em docência do Ensino Superior e mestranda em Teologia Bíblica, Assessora da Escola Bíblica da
Catedral – Cvel

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